Ashwaganda (Withania Somnifera)
Introdução
A Ashwaganda ou Withania Somnifera é um arbusto da família das solanáceas (nightshade) que cresce cerca de 1 a 1.5 m em altura e tem um fruto vermelho de cerca 6mm.
Ashwagandha é comumente conhecida como “cereja do inverno” ou “Ginseng indiano”. É uma das ervas mais importantes da Ayurveda (o sistema tradicional de medicina na Índia) usado por milênios como Rasayana pelos seus amplos benefícios para a saúde. Rasayana é descrito como uma preparação herbácea ou metálica que promove o estado jovem de saúde física e mental, melhora aprendizagem e memoria. Este tipo de remédios eram prescritos a crianças pequenas como tônicos, e também usados por idosos para aumentar a longevidade ou pessoas na sua meia-idade.
A parte da Planta utilizada é a raiz e pode ser consumido em pó fino por capsulas, em decocção, misturado com manteiga Ghee ou mel, ou em extrato alcoólico. As folhas são amargas e utilizadas para a febre. A raiz pode ser esmagada em uma pasta e aplicada nas articulações como anti-inflamatório.
Diz-se que o seu nome indiano Ashwaganda se refere ao cheiro e força de um cavalo, que possivelmente sugere a sua reputação como afrodisíaco.
Efeitos:
Esta planta age com um Adaptogeno, isto é, uma substancia que aumenta a resistência ou a capacidade de adaptação ao stress físico, ambiental, emocional ou biológico e promove uma função biológica normal. A Ashwaganda regula o sistema imunitário, tem atividade anti-inflamatória, anti proliferativa e actua em semelhança a um glucocorticoide.
Componentes bioativos:
- Compostos esteroides, incluindo lactonas, saponinas. (withaferina A, sitoindositeos IX, X)
- Alcaloides tipo tropanos.
Estes componentes servem como importantes percursores hormonais, que o corpo pode então quando necessário converter em hormonas humanas. A Ashwaganda tem uma ação tipo anfotérica, isto é, pode regular excessos ou deficiências de certos processos fisiológicos regulando os desequilíbrios quando necessário.
Uso tradicional:
No sistema tradicional de Medicina Ayurveda esta planta era considerada um tónico, afrodisíaco, narcótico, depurativo, anti-helmíntico, anti-inflamatório, e estimulante. Era usada comumente em crianças subnutridas e abaixo de peso, idosos debilitados, reumatismo, insónia, esgotamento nervoso bronquite e asma, psoríase, leucoderma e lombalgia.
O que distingue a Ashwaganda de outros tónicos adaptogenos, é que mesmo sendo um tónico energético como Ginseng ou Codonopsis, é especialmente indicado para acalmar a mente, aliviar artrite, e aumentar a energia sexual, enquanto o Ginseng e o Codonopsis são mais específicos para cansaço devido a fraqueza digestiva. Ashwaganda é também utilizado para fortalecer o sistema reprodutor feminino em combinação com Shavatari (Asparagus racemosa).
A peculiaridade da Ashwaganda é que consegue os seus resultados através de fortalecer o sistema nervoso com atividade neuro protetora, sedativa, e também potenciadora de cognição e ao mesmo tempo regula o sistema hormonal em especial as hormonas reprodutoras.
Efeitos da planta segundo a Medicina Chinesa:
Na medicina chinesa a planta é considerada quente e atua sobre os órgãos rins, coração, e baço.
- Tonifica o Qi e o Wei Qi: melhora a imunidade, fortalece o organismo e melhora a capacidade de recuperação.
- Tonifica o Qi do Pulmão: é utilizado para tosse, bronquite, asma
- Tonifica o Baço e nutre o Sangue: utilizado na falta de apetite, confusão mental, falta de memória, melhora a contagem de hemoglobina, e glóbulos vermelhos.
- Afinidade com o órgão dos rins devido a sua ação hormonal –
- Tónico de Jing e Yang: utilizado para aumentar a performance sexual, melhora infertilidade masculina com aumento de motilidade e concentração de esperma e trata impotência.
- Dissipa o Vento e por isso tem ação em artrites e reumatismos.
- Afinidade com o Coração
- Calma o Shen: é usado em insónia, ansiedade acalma a mente.
A Ashwaganda pode ser usada nos casos quando Ginseng pode ser demasiado estimulante, no caso de haver ansiedade e irrequietude.
Indicações suportadas por ensaios clínicos:
Vários estudos humanos revelaram atividade de Ashwaganda com seguintes efeitos:
- Efeito calmante em sujeitos ansiosos,
- Melhoria de efeitos fisiológicos negativos do stress físico, e mental
- Melhoria do bem-estar
- Promove crescimento nas crianças e tem atividade anti anémica,
- Benefícios em condições relacionadas com envelhecimento, incluindo aumento força e função muscular, auxilia na diabetes tipo 2 e na alteração de fatores de risco em problemas cardiovasculares,
- Melhoria nos sintomas na artrite reumatoide, artrites
- Aumento testosterona e diminui infertilidade em homens,
- Melhoria na resistência física em atletas.
Num estudo a administração de extrato alcoolico de Ashwaganda, melhorou a calcificação óssea em ratos ovariectomizados.
Noutro estudo Doses orais de Ashwaganda aumentaram quantidade de T4 (tiroxina) em fêmeas, e T3 e T4 em machos da mesma espécie. Estes resultados sugerem que Ashwaganda pode estimular a função tiroidea.
Alguma atividade anti tumoral tem sido demonstrada e estudos científicos e os principais constituintes estudados com propriedades citotóxicas são Withaferina A e o Withanolideo D que são os compostos mais ativos com estas propriedades. Estes estão presentes nas folhas da Ashwaganda com maior quantidade que corrobora com as prescrições Tradicionais em que as folhas eram prescritas para tumores.
Contraindicações e Toxicidade:
Em grandes quantidades a Ashwaganda pode ter propriedades abortivas, por isso não devera ser utilizada durante a gravidez.
O extrato de Ashwaganda pode aumentar o efeito de benzodiazepinas.
Grandes quantidades podem também causar desconforto gastrointestinal, diarreia ou vomito.
Referencias:
Kerry B., Simon M., Principles and Practice of Phytotherapy. Second Edition.2013, Churchill livingstone.
Singh, N., Bhalla M., An overview on Ashwaganda: Rasayana (Rejuvenator) of Ayurveda, 2013 African Journal of Traditional Alternative Complementary Medicine.
Mishra L, Singh B., Dagenais S., Scientific basis for the therapeutic use of Withania Somnifera (Ashwaganda): a Review. 2000 Alternative Medicine review.
