Fitoterapia Ocidental Moderna

 In plantas medicinais

Uma forma de compreendermos um dos conceitos fundamentais da Fitoterapia Tradicional ocidental é que devemos assumir que o corpo humano em harmonia e livre de doenças, é capaz de resistir a patologias através dos seus próprios mecanismos.  Portanto, uma compreensão mais profunda da causa e tratamento de doenças deve vir também a partir da observação da fisiologia e do funcionamento normal do corpo, bem como patologia e fisiopatologia.  Um foco excessivo nos processos patológicos leva a um sistema médico que é intervencionista e direcionado para compensar as deficiências fisiológicas e desequilíbrios que surgem na doença (compensação fisiológica), sem procurar uma maior compreensão de como lhe surgiram os desequilíbrios fisiológicos de inicio.

Esta forma de abordagem leva a um tratamento superficial e que o efeito da intervenção seja de curto prazo. Esta é cada vez mais a forma com que o sistema médico opera nos dias de hoje. Embora seja muito útil para patologias avançadas e em estados com perigo de vida, é incompleta, e especialmente inadequada no tratamento de muitas doenças crónicas.

Em contraste, a maioria dos sistemas médicos tradicionais, que são parciais ou completamente com baseados em Fitoterapia, tem o seu foco mais nos processos fisiológicos subjacentes que levaram ao aparecimento da doença. Como tal, dão maior importância aos processos fisiológicos do que há patologia em si.  Por isso o tratamento é direcionado para um apoio ou suporte fisiológico, em vez de apenas compensar as deficiências químicas ou excessos resultantes de uma fisiologia anormal. Compensação fisiológica muitas vezes requer a presença constante do medicamento para alcançar o efeito desejado, enquanto o suporte fisiológico pode, a seu tempo, levar a uma correção permanente de uma química desregulada.

Um exemplo de suporte fisiológico versus compensação fisiológica pode ser vista no tratamento de infeções bacterianas. Na abordagem tradicional com a Fitoterapia é de fortalecer a imunidade e aprimorar as respostas fisiológicas normais do corpo contra a infeção tal como a febre. Em contraste, a abordagem convencional é de suprimir a febre e matar as bactérias com antibióticos, compensando assim um organismo enfraquecido ou defesas imunitárias sobrecarregadas. Esta última abordagem pode salvar vidas, mas não impedirá que as infeções se repitam. Abordagem tradicional à base de plantas pode ver uma taxa mais alta de insucesso em situações muito agudas, mas pode levar a uma imunidade melhorada e, possivelmente, uma taxa reduzida de infeções recorrentes. Com este exemplo e outros claramente pode ser argumentado que a Fitoterapia tradicional pode ter um papel importante na complementaridade com a medicina convencional para melhores resultados.

Estratégia Suporte Fisiológico

De uma forma geral, o objetivo de dar suporte fisiológico é de criar uma saúde forte e robusta. Isto é mais do que apenas a ausência de doença evidente. Num estado tão positivo o corpo e a mente estariam livres de doenças e capazes de resistir qualquer invasão ou deficiência. É o estado ideal onde todos os processos fisiológicos estão otimizados e a química e energia corporal está em perfeito equilíbrio. Todos os sistemas de medicina tradicionais sem exceção deduziam que a energia extra quando em boa saúde significava a presença de uma força vital que integrava o normal funcionamento fisiológico do corpo e que mantinha homeostase. Este conceito de “vitalidade”, representa uma diferença fundamental entre os sistemas médicos tradicionais e sistemas médicos ortodoxos. Os objetivos de tratamento com suporte fisiológico podem ser elaborados da seguinte forma:

  • Otimizar a química corporal melhorando a nutrição e melhorando a desintoxicação. Isto não se aplica apenas ao corpo como um todo, mas para cada célula, órgão e sistema dentro do corpo.
  • Otimizar a energia corporal aumentando a vitalidade. Melhoria da vitalidade segue-se automaticamente da otimização da química corporal. Mas também pode ser especificamente usando tónicos que tornam disponível mais energia, e adaptogenos, que otimizam a capacidade de lidar com stress de todos os tipos, ajudando assim a conservar a vitalidade.

Como referido acima, um objetivo importante de uma forma geral no suporte fisiológico é o aumento do estímulo da desintoxicação. Isto é particularmente necessário para problemas em que a sobrecarga de toxinas é significativa, como pode ser o caso da síndrome da fadiga crónica, doenças autoimunes e cancro. Desintoxicação é tradicionalmente alcançada por estimular processos com depurativos, imunoestimulantes, plantas hepáticas e estimulação da eliminação com diaforéticos, diuréticos, linfáticos, laxantes e expetorantes.

Com exceção de algumas plantas, como por exemplo os tónicos e adaptógenos, os objetivos do suporte fisiológico são alcançados através de otimizar certas funções de sistemas individuais, órgãos ou mesmo tecidos e células. Tal otimização promove frequentemente a correção de desequilíbrios no organismo.

Uma função deficiente em algum processo fisiológico pode levar a uma estimulação excessiva em outro, que por sua vez pode criar uma deficiência em outro lugar. Por esta razão, o tratamento às vezes não é direcionado para o problema específico, por exemplo:  na prisão de ventre causada pela deficiente função hepática, a função hepática seria melhorada em vez de, ou em conjunção com a otimização da função intestinal.

Por esta razão torna-se claro que é fundamental que com o conceito de suporte fisiológico é de extrema importância a individualização do paciente.  O conceito de uma força vital é o primeiro pilar de Medicina Tradicional com a Fitoterapia, o tratamento do paciente como um indivíduo é a segunda. Isto está em contraste direto com a atual ciência médica, desde duplos ensaios clínicos cegos e controlados por placebo apenas examinar o efeito de um tratamento em um grupo de pacientes (quanto mais melhor, para o poder estatístico) em vez de indivíduos.

Se for caso disso, o Suporte fisiológico específico pode envolver a regulação ou o aumento das funções digestiva, imunitária, circulatória, função Respiratória e Hormonal. Pode também envolver a otimização de órgãos específicos como o fígado, rins, ovários e assim por diante.

O foco pode também estar em tecidos específicos, por exemplo, nas células do pâncreas. Funções específicas dos órgãos podem também ter estimuladas, por exemplo, a secreção biliar do fígado ou os sistemas enzimáticos de desintoxicação no fígado. Em todos os casos, isto deve ser avaliado individualmente e periodicamente revisto.

Compensação Fisiológica

Às vezes, uma função sobre estimulada precisa ser diretamente controlada, ou deficiências precisam de ser compensados, porque o processo patológico foi longe demais. Em outros casos, um ciclo vicioso precisa ser quebrado ou o paciente precisa de alívio de sintomas desconfortáveis ou debilitantes. Estes são circunstâncias em que a compensação fisiológica é apropriada. Ações que começam com ‘anti’ geralmente denotam um papel em compensação fisiológica, por exemplo, anti-inflamatório, antiviral, antiespasmódico, antisséptico, antialérgico e assim por diante. Ações sedativas e hipnóticas também envolvem mecanismos compensatórios e há muitos outros exemplos. Muitas das Plantas “específicas” entram nesta categoria. A experiência demonstrou que estas ervas funcionam bem para certos estados particulares da doença, como por exemplo, Tanacetum parthenium para enxaqueca, Arnica para hematomas, etc. O seu mecanismo de ação não é necessariamente conhecido, e provavelmente envolve efeitos compensatórios.

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